A dificuldade que existe em atingir as metas contra mortalidade materna e infantil da Agenda 2030

Autoria por Victória Cristine Ramos

Revisado por Elaine Silva da Luz, coordenadora de comunicação e redação da ANAPRI

Dando continuidade a nossos textos sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que vêm sendo publicados na newsletter e também em nosso site, hoje falaremos sobre o ODS 3, mais especificamente o 3.1 e o 3.2. Este objetivo tem como foco a promoção de saúde e bem-estar para todos, com o seu primeiro e segundo ponto, respectivamente, voltando para a redução da taxa de mortalidade materna e infantil em todo o mundo. Essa é uma meta importante tendo em vista que a maior parte das mortes maternas e infantis podem ser prevenidas (OMS, s.d). Porém, como já abordado em outros textos, faltando apenas 6 anos para o término da Agenda 2030, o cumprimento das metas não está seguindo pelo caminho esperado. 

Um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde no ano passado, revelou que, a cada dois minutos uma mulher morre durante a gravidez ou durante o parto (OMS, 2023). Esse mesmo relatório revela que, em 2020, mais de 280 mil mulheres morreram durante complicações relacionadas a gravidez (OMS, 2023). Tal número é alarmante, principalmente se levarmos em consideração que os dados estimavam mais de 300 mil mortes em 2016. Mesmo que tenha ocorrido um leve decréscimo nos números, ele ainda não é o suficiente para atingir o que foi proposto pelo ODS em questão.

A maior parte das mortes ocorreu na região da África Subsaariana, em especial na parte ocidental do continente, que conta com cerca de 200 mil mortes (OMS, 2023). Alguns desses países enfrentam questões relacionadas a crises humanitárias, o que contribui para a alta nos números identificados. Outros fatores que corroboram para a alta nas mortes maternas envolvem um sistema de saúde deficitário; questões sociais, como falta de recursos, pouca educação, raça e etnia e também fatores externos como crises climáticas, por exemplo (OMS, 2023).

Em janeiro deste ano, ocorreu uma reunião no Conselho Executivo da OMS para tratar sobre a questão aqui discutida, em uma decisão tomada pela Assembleia Mundial da Saúde (Health Policy Watch, 2024). Na ocasião, a Somália, Estado com altos índices de mortalidade materna e infantil, chamou a atenção para as desigualdades entre os países ricos e pobres. O representante do Afeganistão, também, levantou desafios que sua população enfrenta que estão dentro dos fatores previamente citados, como questões humanitárias.

Tendo em vista o contexto, um projeto de decisão foi proposto pelo Egito, pela Etiópia, Paraguai, Somália, África do Sul e pela República Unida da Tanzânia, com o objetivo de acelerar o progresso para a redução de problemas presentes nas metas 3.1 e 3.2 dos ODS. O projeto atesta que, com base nas ações realizadas até o momento, é provável que 80% dos países que se comprometeram não vão conseguir alcançar suas metas nacionais de mortalidade infantil. Também aponta que 62 Estados não vão conseguir cumprir as metas de mortalidade neonatais e ao menos 54 nações não irão executar a meta referente a mortalidade até os 5 anos na data prevista (OMS, 2024).

Os Estados também falaram sobre as dificuldades que os sistemas de saúde e econômicos de suas localidades ainda enfrentam em decorrência da pandemia de Covid-19. Ainda assim, vários países demonstraram apoio à decisão, mesmo que algumas questões ainda precisem ser discutidas. Dessa forma, o projeto mostra que é necessário reavaliar o que vem sendo feito até o momento, para que seja possível reverter possíveis atrasos na promoção de saúde e segurança materna e infantil. É notável que existe um esforço e preocupação com esse problema, o que deve ser feito, então, é implementar políticas eficazes para resolvê-lo. 

REFERÊNCIAS

ADEPOJU, Paul. Health Policy Watch, 2024. Disponível em: https://healthpolicy-watch.news/somalia-leads-call-for-urgent-action-on-global-disparities-in-maternal-newborn-and-child-mortality/. Acesso em: 6 fev. 2024.

A WOMAN dies every two minutes due to pregnancy or childbirth: UN agencies. World Health Organization, 2023. Disponível em: https://www.who.int/news/item/23-02-2023-a-woman-dies-every-two-minutes-due-to-pregnancy-or-childbirth–un-agencies. Acesso em: 6 jan. 2024.

SDG Target 3.1 Reduce the global maternal mortality ratio to less than 70 per 100 000 live births. World Health Organization, [s.d]. Disponível em: https://www.who.int/data/gho/data/themes/topics/sdg-target-3-1-maternal-mortality#:~:text=SDG%20Target%203.1%20%7C%20Maternal%20mortality,per%20100%20000%20live%20births. Acesso em: 6 jan. 2024.

TRENDS in maternal mortality 2000 to 2020: estimates by WHO, UNICEF, UNFPA, World Bank Group and UNDESA/Population Division. World Health Organization, 2023. Disponível em: https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/366225/9789240068759-eng.pdf?sequence=1. Acesso em: 6 jan. 2024.