O mundo não é meu quintal

Autoria Carlos Rifan, Fundador e Presidente da ANAPRI

Revisado por Elaine Silva da Luz, Coordenadora de Comunicação e Redação da ANAPRI 

Quando você pensa na história do mundo, você acha que essa história foi escrita para favorecer o bem ou favorecer o mal? Quantas vezes você não fez piada, que até a Netflix fez, sobre a política brasileira e a série de sucesso norte-americana “House of Cards”? 

Inicio esse texto com essas duas perguntas, pois não me lembro de ter visto no mundo, desde que me formei, tantas pessoas abraçando heresias como forma de sabedoria do futuro, e utilizando o radicalismo como forma de garantia para seus medos mais obscuros.

Na última semana, toda a internet recebeu uma enxurrada de comentários, sempre maniqueístas, sobre as declarações do atual presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Lula declarou recentemente, que as ações do Estado de Israel (país) contra a Faixa de Gaza, isso inclui atacar o Hamas, assim como a população local, pois, para quem não sabe existe um dia a dia acontecendo naquela região, são semelhantes ao Holocausto acontecido na Segunda Guerra Mundial.

Esse tema é de extrema seriedade e muito delicado para o povo judeu (população além do país), disso não tenho dúvida, mas será que não é complexo demais colocarmos todo o peso da história de peregrinação de uma população em uma única fala com uma palavra que só foi utilizada 40 anos depois do acontecido? 

Quando decidimos por Relações Internacionais, e falo decidimos, é quando resolvemos de fato terminar o curso e seguir a carreira, nós assinamos um tipo de contrato social, como os médicos assinam para salvar qualquer pessoa. No nosso caso, devemos olhar de forma internacional para o mundo, ou seja, utilizar os seis pontos de análise sobre todos os povos e isso de forma profissional, inclui entender questões culturais que não nos cabem como moradores do nosso bairro, torcedores do nosso time e filhos das nossas famílias.

As pessoas, principalmente ocidentais, estão olhando a Faixa de Gaza sob a ótica da vingança, da necessidade e da ausência de precedentes. Se pedirmos para vestir essa lente e voltarmos nossos olhos para o Nazismo e o Holocausto, vamos enxergar banqueiros judeus financiando ambos os lados, entregando seus vizinhos, fazendo acordos com sociedades civis organizadas em prol de assassinato massivo das eternas minorias presentes em todas as guerras da humanidade: pobres, LGBTQIAP+ e eslavos(ciganos).

Eu quero que esse texto explique que o tema o qual Lula não escolheu bem as palavras, só é mais popular para você ocidental, caucasiano, branco, cristão e brasileiro pelo acesso que lhe deram. Inclusive seu perfil não é nem bem-visto em Israel, pois o salvador que você adora (JESUS), o ESTADO lá sequer reconhece. Nessa semana mesmo, foi feita uma menção da Jovem Pan, comparando macacos a negros, algo que a Bélgica genocida e ex-dona do Congo fez durante muito tempo, até 1959, amputando mulheres e crianças por diversão.

O que nos implica como sociedade atual, deixou de ser a violência da guerra frente a fraqueza do ser humano comum, mas o conforto do meu pensamento. Saiba que existe uma ciência por trás do mundo que se chama Relações Internacionais e ela vai além do que eu penso ou o que você pensa, ela informa a verdade.