Autora: Jessica Freitas

Revisado por: Elaine Silva da Luz, coordenadora de comunicação e redação da ANAPRI

Nos últimos anos é comum vermos a participação de políticos, candidatos e até perfis de instituições nas redes sociais, é sabido que a presença desses atores nesses “web locais” gera uma (sensação) aproximação entre o grupo político e o seu eleitorado. Ser próximo do seu público alvo é uma das estratégias mais eficazes para um bom resultado visando o alcance do cargo, apoio e/ou manutenção. Mas não basta apenas ter um perfil em uma dessas redes, o que de fato gera aproximação entre esses entes é a representação, ou seja, o quanto aquele grupo de eleitores se identifica com aquele(a) político(a), por tanto a campanha sobre a imagem de um político também deve levar em conta coisas cotidianas e participação em ações populares na internet, como os “memes” e as trends.

Há algumas eleições, é visto como as atividades nas redes sociais são de extrema relevância nos resultados eleitorais e demais decisões políticas, fato comprovado por uma pesquisa de 2019 do DataSenado, onde 83% da população brasileira se diz ser influenciada pelos conteúdos nas redes sociais. Os memes e trends, se bem utilizados, são uma “virada de chave” para conquistar um eleitorado mais jovem, para atingir pessoas fora da bolha partidária e fortalecer a relação com os fiéis eleitores, já que a forma mais cômica e informal que essa forma de comunicação traz “quebra” um pouco a barreira formal e normativa da política, trazendo uma roupagem mais perto da população. 

Outro elemento que também realiza esse trabalho são as famosas “correntes” que consistem em falar o filme favorito, a cor que mais gosta, idade, número de tatuagens, entre outras informações semelhantes, muito comuns no WhatsApp e X (antigo Twitter), agora são vistas também no Instagram. Esses são essenciais para uma visão mais “humana” de políticos, fazendo com que gere identificação com a população que se reconhece em uma das respostas que é dada. As trends, geram um resultado semelhante, quando esses atores utilizam de músicas do momento e até mesmo as “dancinhas”, principalmente no TikTok.

O compartilhamento e o recompartilhamento desses conteúdos geram um aumento de interação entre entes políticos e a sociedade, já que “se determinado indivíduo concorda com um ponto de vista específico, ainda que ele seja trazido por um veículo precário, tende a compartilhamento por pura familiaridade, a fim de agregar ao pensamento grupal, e é essa ligação de ideias que se percebe nas redes sociais, os semelhantes compartilham o que os unem e se multiplicam como um organismo vivo, que pode se tornar imbatível pela aderência de novas partículas.”(Cunha, 2019), além de terem potencial para gerar atos como manifestações, mesmo que sejam digitais, já que os “memes” são considerados “como uma ferramenta de democratização da discussão política no país”, segundo a UNICAMP. 

É notável o quanto a política teve que se adequar a essa nova mídia, que já se mostra como protagonista em relação às outras formas de comunicação, fica claro que “uma parte significativa da influência que a mídia exerce decorre do fato de que ela se tornou uma parte integral do funcionamento de outras instituições, embora também tenha alcançado um grau de autodeterminação e autoridade que obriga essas instituições, em maior ou menor grau, a submeterem-se a sua lógica.” (Hjarvard, 2012).

Apesar disso, vale a pena lembrar que isso é uma forma manipulada de alcançar o poder por parte de políticos, e quando usados por anônimos, não são uma fonte de informação confiável; a atenção deve estar redobrada com a vinda da era da IA (Inteligência Artificial). A sociedade deve saber separar um bom candidato por suas propostas e trabalhos políticos, além de conferir a veracidade das informações em fontes confiáveis.

Referências 

SENADO FEDERAL. Datasenado. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/institucional/datasenado/publicacaodatasenado?id=mais-de-80-dos-brasileiros-acreditam-que-redes-sociais-influenciam-muito-a-opiniao-das-pessoas>. Acesso em: 23 dez. 2023.

NADIR, P. Políticos apostam em memes para aumentar popularidade. Poder 360. Disponível em: <https://www.poder360.com.br/eleicoes/politicos-apostam-em-memes-e-trends-para-aumentar-popularidade/>. Acesso em: 23 dez. 2023.

Memes e política: a formação de campos de tensão e os limites da liberdade de expressão no Brasil. JusBrasil. Disponível em: <https://www.jusbrasil.com.br/artigos/memes-e-politica-a-formacao-de-campos-de-tensao-e-os-limites-da-liberdade-de-expressao-no-brasil/813757011>. Acesso em: 23 dez. 2023b.

Uso de memes na discussão política no Brasil tem efeito “democratizador”. Unicamp. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/uso-de-memes-na-discussao-politica-no-brasil-tem-efeito-democratizador-aponta-pesquisa-da-unicamp.ghtml>. Acesso em: 23 dez. 2023.

Hjarvard, S. (2012). Midiatização: teorizando a mídia como agente de mudança social e cultural. MATRIZes, 5(2), 53-91. https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v5i2p53-91